Hoje saí pelas ruas, sem rumo, a descobrir. Fiquei invisível para mim, deixei o umbigo de lado e fui a observar. A tela do celular se apagou e a vida viveu, falou, sorriu e fez até barulho. Vi personagens coloridos, paisagens, cheiros. Um novo que podia tocar. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou. Às vezes é bom engolir as palavras. Ouvi o som dos pássaros, do rio, da respiração do moço ao lado. Onde eu estava sem estar? Por onde fui sem chegar? Me perdi no caminho sem sair do lugar. Tão bom notar. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou. Não precisamos anotar tudo, mas também não podemos deixar passar. Os olhos não estão mais nus. Temos que despir os olhos. Sair com eles pelados para assim enxergar talvez o detalhe de um unicórnio atravessando a rua. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou. Onde eu estava tão visível sem enxergar? Me calei e o mundo cantou.
